terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Efeito de uma perda


As vezes escrevo histórias que faça os leitores se sentirem da mesma forma que eu me sinto em algumas situações, essa história já faz algum tempo que eu a fiz, espero que gostem... deixem seus comentarios.


Sentada na janela, notei quando os primeiros pingos refletiram na poça de água em frente de casa. Hoje faz um ano que Sophia, minha filha se foi. Nunca imaginei que um ano poderia durar tanto, parece que se passou um século, e mesmo assim me pego esperando que ela abra a porta do meu quarto à noite e diga que me ama antes de dormi. Mais ela nunca vem.

Ontem, no ônibus voltando do trabalho olhei pra dentro de um carro e vi uma garotinha sorrindo e conversando com a sua mãe que estava na frente dirigindo, me fez lembrar do meu aniversário de 25 anos, não sei por que, mais o seu sorriso foi o mesmo quando ela entrou no me quarto as três horas da manhã, eu estava dormindo, acordei com seus pacinhos e quando abri os olhos, lá estava ela em pé ao lado de minha cama com um pratinho cheio de chantilly e uma velinha acesa dizendo que jamais esqueceria uma data tão importante.

Nunca poderia imaginar que a minha pequenina fosse me deixar tão cedo.

Esse ano eu senti o quanto cada segundo e cada momento é precioso, pois daria tudo para estar mais um ano do lado dela.

Ainda me lembro do seu olhar, com seus olhos verdes mar, que se apagaram tão simples e sereno quanto se abriram.

Todas as noites antes de dormi, me lembro do seu ultimo sorriso, nós fomos depois da escola para um circo que tinha acabado de chegar à cidade e estava sendo comentado por todos, pois a sua tenda seria diferente laica. Eu a levei na estréia, todos estavam animados, inclusive Sophia que estava adorando, assim que os palhaços entraram, ela sorriu de uma maneira tão contagiante que eu nunca tinha visto.

A arquibancada estava lotada, o espetáculo estava indo muito bem, quando der repente alguém gritou “Fogo” e logo uma gigante nuvem de fumaça preta começou a se espalhar. Todos ficaram desesperados e saíram correndo, antes mesmo que eu notasse Sophia tinha desaparecido. Fiquei chamando seu nome por um bom tempo e a encontrei na multidão, desesperada fui a sua direção mais antes que eu chegasse a tempo, uma parte da tenda desmoronou em cima dela, fazendo a desmaiar. Naquela hora o tempo parou pra mim, tentei lutar contra meia multidão mais não deu, as pessoas passavam a minha frente e em flashs eu a via derrubada do chão desmaiada, segundos depois mais uma parte da tendo caiu. Eu fui arrastada junto à multidão para fora.

Milhares de pessoas feridas, queimadas, o som da sirene ao meio do desespero. Era simplesmente impossível acreditar que tudo aquilo havia acontecido em poucos minutos.

Assim que conseguir volta a minha vida normal depois de toda aquela tragédia, nunca mais fui à mesma, e para preencher o vazio que Sophia me deixou nos dias chuvosos sempre sento na janela e me deixo invadir com lembranças.